A chama um dia acaba!
Percebi ontem o que o amanhã não será mais igual, que me
usaste e deitas-te fora como se de um cigarro se trata-se. De muitas (os) me escolheste, “gozas-te” cada
momento como se do último se trata-se e quando a chama desaparecia eras o
primeiro a acende-la por vezes infinitas até que chegou ao fim, não dava mais
para continuar a lutar pela chama porque tudo o que começa também acaba e foi
aí, nesse preciso momento enquanto falavas com os teus amigos e dizias tu que
trocavam experiências que te cansas-te de segurar no inútil, que me disseste
que a chama já se tinha apagado e já não havia maneira de voltar a acende-la,
que mais valia acabar ali o mundo que juntos criamos. Disseste com aquele tom
de voz meloso que as cores vivas e alegres deram lugar a cores sem brilho,
querias simplesmente que eu fosse feliz, dizias todos os dias para eu lutar
sempre pelo que queria e nunca desistir dos meus sonhos mesmo que fosses contra
algo, mesmo que isso impedisse de estarmos todos os dias juntos, de adormecemos
à sexta-feira à noite a ver um filme, de irmos ver o pôr-do-sol abraçados com
os pés enterrados na areia.
(Mas) o que é certo é
que era contigo que eu era feliz, era ao teu lado que eu conseguia lutar que
nem guerreira, era ao teu lado que tudo tinha cor e sem hesitar abracei-te
enquanto a lágrima terminava seu percurso desaparecendo no teu ombro. Mesmo não
querendo estar lúcida sabia que o que estavas a dizer era verdade, que se
calhar ia ser a ultima vez que os nossos corpos iam estar a esta distância e
foi aí que me disseste ao ouvido “Eu amo-te”. Nesse preciso momento tudo se
tornou uma incógnita, recuei um passo e sobre os olhos cheios de lágrimas
perguntei “porquê?”, porque queres terminar tudo ainda me amando, porque não
voltamos a acender a chama do nosso amor, porque, porque … Tantas perguntas que
tu decidiste virar costas, sem estar minimamente interessado em mim, em nós.
Segui sem rumo, sem pensar que estava prestes a chover e que
eu estava ali cheia de frio já sobre a escuridão de um domingo de Inverno,
andei por caminhos já conhecidos mas que naquela altura não sabia que rumo iam
ter, simplesmente andava até que tivesse de mudar para outra rua e voltar a
percorre-la do início ao fim e aí percebi que andava em círculos, as ruas iam
todas dar ao mesmo sítio, ao sítio do adeus. Cansada e já a chuva fria
batendo-me na cara, sentei-me sobre o passeio e tirei da mala um cigarro,
procurei lume para o acender, revirei tantas vezes a mala à procura que acabei
por a romper e foi aí, no silêncio abafado sobre a luz do candeeiro, que
percebi que a chama que me faltava eras Tu.
O que
hoje se apagou, amanhã pode voltar a acender. Basta querer!